Babilônia Tropical – A Nostalgia do Açúcar

Inspirado no episódio da invasão holandesa em Pernambuco, no século XVII, quando a região era a maior produtora de açúcar do mundo, o espetáculo mescla passado e presente. A trama se desenrola a partir da tentativa de reproduzir o momento em que Anna Paes, dona de engenho da época, escreve um bilhete para o aristocrata neerlandês Maurício de Nassau, presenteando-o com seis caixas de açúcar em sua chegada ao Brasil. O bilhete está guardado até hoje no Arquivo Nacional dos Países Baixos.

Em cena, Carol Duarte, Ermi Panzo (que também assina a dramaturgia), Jamile Cazumbá e Leonardo Ventura, além do músico Adriano Salhab, que também assina a direção musical e a composição das músicas, feitas especialmente para a montagem.

Anna Paes, uma mulher considerada à frente de seu tempo, que sabia ler e escrever, algo raro para a época, assumiu também a administração de um dos maiores engenhos de Pernambuco com a morte do marido. Valores positivos para esse início de modernidade, como liberdade e emancipação, vão sendo desmontados, revelando a grande farsa do projeto que deu início a esse empreendimento açucareiro, já que ele só existiu graças à escravidão.

O idealizador, dramaturgo e diretor da obra, Marcos Damigo, enfatiza: “É uma responsabilidade imensa dar vida às pessoas que vieram antes de nós, para que possamos transformar a forma como nos enxergamos e, assim, talvez, ativar nossa sensibilidade para uma melhor compreensão de nós mesmos.”

O produtor do espetáculo, Gabriel Bortolini, adianta que a peça provoca reflexões profundas. “A representação histórica, exemplificada pela personagem Anna Paes, reflete nossas escolhas sobre como perpetuar a história, a imagem e seus pares. A história brasileira foi feita de brancos para brancos. Aqui, questionamos não apenas os reconhecimentos em si, mas também seus privilégios e as barreiras que precisam ser superadas para alcançar um lugar diferente”, afirma Bortolini.

O projeto recebeu apoio da Embaixada dos Países Baixos para o desenvolvimento da dramaturgia, o que possibilitou uma viagem do autor Marcos Damigo a Pernambuco, bem como a participação do historiador Daniel Breda no processo de pesquisa, além de uma primeira imersão com o elenco da peça em 2022. O resultado dessa investigação pode ser conferido a partir do dia 3 de agosto.

A peça estreou no CCBB Belo Horizonte em maio de 2023, e circula pelos CCBBs de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo ao longo de 2023.

Fotos de Luiza Palhares.

FICHA TÉCNICA

Marcos Damigo – idealização, concepção e direção geral
Gabriel Bortolini – concepção e direção de produção
Ermi Panzo e Marcos Damigo – dramaturgia
Carol Duarte, Jamile Cazumbá, Ermi Panzo e Leonardo Ventura – elenco
Lúcia Bronstein – interlocução artística
Adriano Salhab – direção musical, composição e música ao vivo
Simone Mina – direção de arte
Wagner Pinto – iluminação
Glaucia Verena – preparação vocal e consultoria artística e dramatúrgica
Pat Bergantin – preparação corporal
Daniel Breda – consultoria histórica
Rafa Saraiva e Mila Cavalcanti – programação visual
Coletivo Corpo Sobre Tela/Ricardo Aleixo e Julia Zakia – direção de fotografia
Coletivo Corpo Sobre Tela – montagem e finalização de cor
Rafael Tenório – vídeo engenho em chamas
Luiz Schiavinato Valente – coordenação de redes sociais
Mayara Santana e Rafael Tenório – design para redes sociais
Jackeline Stefanski Bernardes e Ví Silva – assistência de direção
Luiz Schiavinato Valente e Ví Silva – assistência de produção
Rick Nagash – assistência de direção de arte
Vinicius Cardoso – assistência de cenografia
Amanda Pilla B e Hellige Sant’Anna – assistência de figurino e adereços
Carina Tavares – assistência de iluminação
Wanderley Wagner e Fernando Zimolo – cenotécnica cenário
Mauro José da Silva e Matheus Kaue Justino da Silva – cenotécnica filmagem
Vivona – cabeleireira elenco
Julia Zakia – making off
Luiza Zakia Leblanc – câmera adicional making off

EQUIPE REPRODUTORA
Gabriel Bortolini – direção de produção
Luiz Schiavinato Valente – coordenação de produção
Bruna Vasconcelos e Gabriel Lopes – assistência de produção

Sobre Marcos Damigo

Ator, autor e diretor teatral.